sexta-feira, 31 de maio de 2013

Entrevista - A pedagogia do brincar Janet Moyles.


Entrevista - A pedagogia do brincar Janet Moyles.


Mesmo já tendo se aposentado pela segunda vez, Janet Moyles não deixou de se envolver intensamente em projetos ligados à educação infantil. Professora emérita na Anglia Ruskin University, em Chelmsford, na Inglaterra, ela trabalha com educação pré-escolar tanto no Reino Unido quanto em outros países. "Faço parte de bancas examinadoras de teses de doutorado em diversas instituições e, dessa forma, continuo aprendendo através do trabalho de outras pessoas", conta. Além de ser responsável pelo website da Training, Advancement and Co-operation in Teaching Young Children (TACTYC, disponível em www.tactyc.org.uk), em março de 2010, Moyles será uma das anfitriãs de um congresso internacional intitulado Currículo na primeira infância: política e pedagogia no Século XXI - um debate internacional. Escritora prolífica, ela também tem diversos livros publicados, como A excelência do brincar, Só brincar? e Fundamentos da educação infantil, todos relacionados a atividades lúdicas e crianças pequenas e publicados no Brasil pela Artmed. Na entrevista a seguir, Janet Moyles fala sobre a importância do brinquedo para o desenvolvimento das crianças.


Como o brincar deve ser usado no currículo dos primeiros anos da educação infantil?

Brincar é uma parte fundamental da aprendizagem e do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. As crianças brincam instintivamente e, portanto, os adultos deveriam aproveitar essa inclinação "natural". Crianças que brincam confiantes tornam-se aprendizes vitalícios, capazes de pensar de forma abstrata e independente, assim como de correr riscos a fim de resolver problemas e aperfeiçoar sua compreensão. Significa que os programas de educação infantil inicial devem estar baseados em atividades lúdicas como princípio central das experiências de aprendizagem. Isso é bastante difícil de conseguir na vigência de práticas excessivamente prescritivas em termos de conteúdo curricular. Crianças pequenas alcançam a compreensão através de experiências que fazem sentido para elas e nas quais podem usar seus conhecimentos prévios. O brincar proporciona essa base essencial. É muito importante que as crianças aprendam a valorizar suas brincadeiras, o que só pode acontecer se elas forem igualmente valorizadas por aqueles que as cercam. Brincar mantém as crianças física e mentalmente ativas.

A brincadeira infantil deve ser sempre espontânea ou os adultos podem interferir no sentido de auxiliar a criança a construir novos conhecimentos?



Existe uma grande diferença entre intervenção e interação. Os adultos devem interagir com as crianças durante as brincadeiras quando puderem fazer isso de uma maneira que não seja invasiva e que estimule a compreensão das crianças. Os adultos só devem intervir diretamente quando há necessidade de garantir a segurança das crianças ou de adequar os propósitos de inclusão. O brinquedo espontâneo fornece muitas informações sobre o que as crianças são capazes de compreender e fazer - somente de posse desse conhecimento é que os educadores têm condições de saber o que uma criança pode precisar e vai querer aprender depois.

O que é importante que os adultos saibam para melhor aproveitar o potencial educativo das brincadeiras?


É essencial conhecer o máximo possível sobre a criança e suas experiências anteriores, sua cultura e sua linguagem. Observar e ouvir a criança para descobrir no que ela está prestando atenção ou no que está interessada e, de vez em quando, fornecer determinados recursos ou criar um contexto para sustentar esses interesses são formas mediante as quais os adultos podem "ensinar" através do brincar. Fundamentalmente, uma dos principais funções dos educadores é arranjar tempo para conversar com as crianças quando a brincadeira precisa terminar, sobre o que estavam fazendo e o que pareciam estar obtendo com ela. Igualmente imprescindível é o subsequente planejamento dos educadores para ampliar e desenvolver as oportunidades dos alunos através de suas brincadeiras espontâneas, a partir da análise e avaliação das experiências lúdicas de cada dia.


Existe um nível de excelência em relação às experiências lúdicas das crianças?


As experiências das crianças podem ser consideradas "excelentes" quando elas tiverem começado a brincar por iniciativa própria e forem capazes de dar continuidade a uma determinada brincadeira no decorrer do tempo. Refiro-me a possivelmente várias horas e, às vezes, até mesmo dias: por exemplo, quando elas começam a desempenhar papéis de uma história de sua própria escolha e com o passar do tempo retornam a ela várias vezes, ampliando e desenvolvendo a temática e as dimensões da brincadeira. Outro exemplo é quando a criança escolhe fazer alguma coisa e retorna a seu modelo durante alguns dias, fazendo gradativas melhorias e acréscimos que lhe parecem atraentes.


Qual o papel do adulto nesse processo?


O papel do adulto é o de sustentar a brincadeira, observando as ações e ne­cessidades da criança para oferecer recursos adicionais (humanos ou materiais) que garantam a progressão na aprendizagem. À medida que brincam e agem sobre a realidade, as crianças devem ser incentivadas a narrar e dar sentido a suas próprias atividades. O foco central na fala permitirá que se desenvolva a metacognição. A genuína valorização do brincar das crianças permite-lhes desenvolver disposições positivas para aprenderem e serem ensinadas, capacitando-as a assumir a responsabilidade por sua própria aprendizagem. Aprender brincando é - e deve ser - uma viagem de descoberta para as crianças, que aprendem que aprender é algo que vale a pena e que, a fim de aprender, é preciso correr riscos e ser criativo. A excelência deve ser a de criança e educadores que aprendem juntos através de experiências lúdicas.


Qual o papel do meio nas manifestações simbólicas das crianças?


As culturas (do lar, da comunidade, do credo ou do grupo étnico) são à base de grande parte do brincar das crianças, tanto de modo positivo quanto de modo negativo. A cultura da escola e a socialização no ensino escolar podem representar um grande problema para algumas crianças, especialmente quando o ambiente escolar é muito formal em relação ao ambiente pré-escolar. Em alguns grupos étnicos, somente os contextos de aprendizagem formais são aceitos como "educação", sendo o brincar visto como algo "fútil", e não um processo de aprendizagem. Os educadores têm muito a fazer nesse contexto para permitir que os pais compreendam o valor do brincar e seu significado na aprendizagem.


O que os professores podem fazer?


Essa não é uma tarefa fácil, mas tirar fotografias das atividades das crianças e indicar o nível e profundidade da aprendizagem ao brincar com água pode ajudar os pais a compreender. O ambiente doméstico das crianças exerce uma forte influência sobre o seu potencial de aprendizagem e os significados que elas extraem do mundo a seu redor. As crianças simbolizam as realidades de sua vida através das brincadeiras. Crianças chinesas que brincam em uma área local vão querer usar "pauzinhos" e pratos pequenos, em vez de garfos e facas, por exemplo.


Qual deve ser a formação do educador infantil para trabalhar diretamente com as crianças em escolas?


No Reino Unido, as crianças de menos 5 anos estão em escolas privadas, mantidas por instituições, públicas ou voluntárias. Muitos dos profissionais que nelas trabalham não têm formação como professores, ainda que atualmente haja um movimento para garantir isso. Minha opinião pessoal é de que todos os que trabalham com crianças pequenas devam ter uma formação pedagógica formal - sou contra a própria palavra "treinamento", porque ela não reflete os níveis de conhecimento e compreensão mais profundos que, a meu ver, devem ser adquiridos, especialmente pelos que trabalham e brincam com crianças pequenas.


Existe uma pedagogia própria para a infância?


A pedagogia da infância inicial é a pedagogia do brincar. Seus elementos são o brincar espontâneo, o aprender brincando, o ensinar brincando, as intenções curriculares, a avaliação e as reflexões dos profissionais. O brincar exerce controle sobre a criança, sendo conduzido e mantido por ela. Ele é criativo, aberto e imaginativo. O papel do educador é disponibilizar recursos, ser um observador interessado (currículo e avaliação), interagir (se convidado) e compreender o brincar de uma perspectiva desenvolvimentista. É proporcionar recursos, interagir, ampliar o vocabulário e perceber as intenções curriculares na brincadeira. Por outro lado, ensinar brincando significa utilizar a alegria natural, inata da criança ao brincar, e garantir que as tarefas sejam apresentadas às crianças da maneira mais aberta possível. Essa forma de ensinar utiliza os recursos percebidos pela criança como "divertidos", e o papel do adulto é propor tarefas divertidas, relacioná-las ao currículo requerido e apresentar as tarefas de modo criativo e divertido. Esses são aspectos interligados, embora distintos, utilizados em um contexto educacional. É necessário planejamento em todas as etapas, mas ele difere conforme o papel do educador.


Os conhecimentos formais podem ser articulados com uma cultura lúdica?

Se por "conhecimentos formais" entende-se a capacidade de ler e escrever, fazer operações aritméticas, bem como ter conhecimento de ciência, história e geografia, então todos eles podem ser articulados a uma cultura lúdica. Conforme os recursos lúdicos oferecidos pela escola ou pelo ambiente pré-escolar, as crianças mobilizarão seu conhecimento anterior para criar um contexto lúdico no qual elas podem usar e articular o conhecimento curricular "formal".


Que exemplos a senhora poderia dar em relação a isso?


Crianças que têm a oportunidade de criar e desenvolver uma agência de turismo em sala de aula vão necessariamente utilizar e ampliar seus conhecimentos sobre lugares, linguagem (através de reservas), matemática (através dos preços das viagens), tempo e, potencialmente, conhecimento científico de voos, fretes, peso da bagagem e coisas desse tipo. Um ambiente ao ar livre montado como uma estufa de plantas pode proporcionar experiências "formais" em toda a extensão curricular, além de atividades lúdicas, como escavar, rastelar e plantar. Na verdade, é muito mais fácil proporcionar um programa de ensino amplo e equilibrado através desse tipo de atividade do que através de atividades praticadas na sala de aula ou em folhas de exercício. Experiências de aprendizagem semelhantes a essas que foram descritas têm mais chance de proporcionar às crianças com menos de 11 anos um leque mais amplo de habilidades e conhecimentos do que os programas de ensino baseados em matérias.


Como à senhora entende a relação entre a brincadeira e a arte?


Brincar é um processo muito criativo, assim como a arte é criativa, e não tem limites predefinidos. Ambos têm em comum a necessidade de flexibilidade e o desenvolvimento do pensamento eclético. A arte envolve tanto a compreensão que os artistas têm de si mesmos e de seu lugar no mundo quanto do resultado. De modo análogo, o brincar permite que as crianças aprendam sobre si mesmas, suas tolerâncias, suas habilidades e seu relacionamento com outras pessoas. A arte e o brincar são processos e, ainda que ambos possam ter um "produto" explícito, este não é necessário a nenhum deles. Mais do que isso, eles permitem que a pessoa envolvida, na atividade artística ou lúdica, utilize estratégias de tentativa e erro para aprender e desenvolver ideias. A arte e o brincar exigem que os participantes sejam imaginativos e oferecem oportunidades para que os envolvidos reflitam sobre sua própria aprendizagem e suas habilidades.





quarta-feira, 15 de maio de 2013

POR QUE OS BEBÊS CHORAM?


POR QUE OS BEBÊS CHORAM?
Andréa Diana Heylmann [1]

Certamente você já chegou perto de uma sala de berçário e escutou um ou vários bebês chorando. Mas o que pode ter acontecido? Ninguém dá atenção a eles? Estão sendo maltratados? Com base na minha trajetória como professora de Berçário e nos anos de estudos destinados ao desenvolvimento infantil, destacarei ao longo deste texto, alguns motivos que levam o bebê ao choro.

O choro, antes de mais nada,  é a primeira forma de comunicação dos bebês. Isto fica evidente na citação de Rangel [et. al.], p.37:

Desde as primeiras semanas de vida, o bebê compreende a ligação que se instala entre os sons que ele emite (gritos, choros) e o comportamento dos adultos que respondem às suas necessidades através de conseqüências positivas (alimento, voz tranqüilizadora, contato corporal, etc.). Esse primeiro circuito de comunicação vai progressivamente evoluir, não apenas pela maturação, mas também pela associação repetida de atenção conjunta para os mesmos objetos e a verbalização do adulto.

Em outras palavras, o bebê, que ainda não aprendeu a falar, vai percebendo que através do choro ele consegue comunicar as suas necessidades aos pais ou outras pessoas que estão cuidando dele, pois ao chorar ele ganha colo, comida, enfim, ganha atenção. É comum ainda, as crianças chorarem quando estão sentindo algum desconforto, causado por calor, frio, roupas apertadas, fralda suja, etc. Também se manifestam através do choro se algum colega os está incomodando, batendo, puxando cabelos ou pegando seus brinquedos.

Vale lembrar que nesta idade os bebês ainda não têm maldade, nem tampouco noção da força que tem. Tudo para eles é brincadeira, estão descobrindo todas as partes do seu corpo e o que podem fazer com elas, (beliscar, bater, morder, etc.) E quando isto acontece, tiramos a criança de perto e dizemos para ela que não pode machucar, sempre conversando e olhando olho no olho, fazendo os gestos e expressões faciais mostrando que é errado e que não estamos felizes com o comportamento dela naquela ocasião.

Nos berçários, um dos motivos mais comuns do choro é o processo de adaptação pelo qual toda criança e sua família passam. O bebê chega a um lugar completamente novo, com pessoas que ele nunca viu antes, barulhos diferentes e sem a presença da mãe ou de outra pessoa familiar. É natural o bebê chorar, pois está com medo, inseguro, etc. Mas aos poucos vai se acostumando com as professoras e seus colegas, habitua-se à rotina e deixa de chorar. Este processo de adaptação varia muito de uma criança para outra, para algumas pode durar apenas um dia, e para outras, vários dias ou até semanas.

Os bebês também costumam chorar quando querem colo e atenção, isto ocorre muitas vezes quando estão doentes ou se ficaram muitos dias em casa e tem de se acostumar novamente com a rotina da escola, onde precisam dividir a atenção das duas professoras com mais 11 colegas. Nem tudo ocorre exatamente na hora que o bebê quer, então ele manifesta o seu desagrado através do choro.

A rotina dos berçários costuma ser bem corrida, tem hora para tudo, para lanchar, trocar fraldas, ganhar colo, almoçar, dormir, etc. Frente a uma turma com 12 alunos para 2 professoras, sabe-se que não é possível atender todas as crianças ao mesmo tempo, algumas inevitavelmente terão que esperar. Mas é importante frisar que nem sempre os mesmos são os primeiros, da mesma forma que não são sempre os últimos, e todos são atendidos assim que possível. Se compararmos com a nossa vida adulta, também não temos tudo no momento que queremos, um exemplo é quando vamos a um restaurante, também temos que esperar a nossa comida ficar pronta. Sendo assim, os bebês aprendem desde cedo a esperar a sua vez. E assim estão sendo preparados para a vida.

E o que fazer quando o bebê chora? É simples, basta manter a calma, e antes de qualquer coisa, descobrir por que ele está chorando e tomar as devidas providências para resolver o seu “problema”. Se a fralda estiver suja o bebê será trocado. Se estiver com fome poderá ser o primeiro a comer quando chegar a hora do lanche. Se tiver sono, poderá tirar um pequeno cochilo, mas cuidando para não dormir demais e atrapalhar a hora do soninho ao meio dia, quando todos irão dormir ao mesmo tempo. Se for um choro para chamar a atenção, nada mais justo do que ganhar um colinho das professoras, nem que seja por alguns minutos, já que as professoras precisam dar atenção aos demais alunos também.

Em caso de algo mais sério, como febre ou dor a direção será comunicada e esta chamará os pais para que tomem as devidas providências. Mas o mais importante na hora do choro é não entrar em pânico, pois se as professoras, pais ou cuidadores também estiverem nervosos, dificilmente as crianças irão se acalmar. Isto eu falo por experiência própria, quanto mais calmos estiverem os adultos que estão lidando com as crianças, mais tranquilas elas ficarão.

REFERÊNCIAS

RANGEL, Annamaria Pífero (Org.) Teoria Pedagógica do Centro de Artes e Educação Física da Universidade do Rio Grande do Sul: fundamentos do método empregado para a rede de formação continuada de professores / – Porto Alegre : CAEF da UFRGS, 2005, 96p.




[1] Pedagoga formada pela universidade Feevale. Professora de Educação Infantil no município de Nova Petrópolis. Tutora presencial do curso de especialização em educação para a diversidade - UFRGS

sexta-feira, 10 de maio de 2013

FILHOTERAPIA - DIA DAS MÃES NA ESCOLA

Dia de entrar na sala de aula do berçário e BRINCAR!!!
Mães e filhos brincaram juntos com os brinquedos confeccionados pelas professoras e pelos pais. Uma ótima oportunidade para conhecer a sala de aula dos filhos, observar como eles interagem com os colegas e com os brinquedos, conversar, trocar ideias, e curtir os filhos. PARABÉNS MAMÃES!!!





























quarta-feira, 1 de maio de 2013

PORTA FRALDAS!



Porta fraldas, confeccionado e doado pela vovó da Stella. Adoramos, é muito bonito e prático!!!



CORTINA COLORIDA!!!


Esta cortina foi confeccionada com tiras de tecido. Diversas tiras dos mais variados tipos de estampa e textura, que conseguimos através de doações de pais e empresas da comunidade. Depois de cortar as tiras, costuramos as bordas e por dentro delas, passamos um cordão. Depois é só amarrar cada uma das extremidades da cortina e deixar as crianças se divertirem, passando de um lado ao outro, se escondendo,etc. Melhor ainda se o professor entrar na brincadeira também.A diversão é garantida!!!