POR QUE OS BEBÊS CHORAM?
Andréa Diana Heylmann [1]
Certamente você já chegou perto de
uma sala de berçário e escutou um ou vários bebês chorando. Mas o que pode ter
acontecido? Ninguém dá atenção a eles? Estão sendo maltratados? Com base na
minha trajetória como professora de Berçário e nos anos de estudos destinados
ao desenvolvimento infantil, destacarei ao longo deste texto, alguns motivos que
levam o bebê ao choro.
O choro, antes de mais nada, é a primeira forma de comunicação dos bebês.
Isto fica evidente na citação de Rangel [et. al.], p.37:
Desde as
primeiras semanas de vida, o bebê compreende a ligação que se instala entre os
sons que ele emite (gritos, choros) e o comportamento dos adultos que respondem
às suas necessidades através de conseqüências positivas (alimento, voz
tranqüilizadora, contato corporal, etc.). Esse primeiro circuito de comunicação
vai progressivamente evoluir, não apenas pela maturação, mas também pela
associação repetida de atenção conjunta para os mesmos objetos e a verbalização
do adulto.
Em outras
palavras, o bebê, que ainda não aprendeu a falar, vai percebendo que através do
choro ele consegue comunicar as suas necessidades aos pais ou outras pessoas
que estão cuidando dele, pois ao chorar ele ganha colo, comida, enfim, ganha
atenção. É comum ainda, as
crianças chorarem quando estão sentindo algum desconforto, causado por calor,
frio, roupas apertadas, fralda suja, etc. Também se manifestam através do choro
se algum colega os está incomodando, batendo, puxando cabelos ou pegando seus
brinquedos.
Vale lembrar que nesta idade os bebês
ainda não têm maldade, nem tampouco noção da força que tem. Tudo para eles é
brincadeira, estão descobrindo todas as partes do seu corpo e o que podem fazer
com elas, (beliscar, bater, morder, etc.) E quando isto acontece, tiramos a
criança de perto e dizemos para ela que não pode machucar, sempre conversando e
olhando olho no olho, fazendo os gestos e expressões faciais mostrando que é
errado e que não estamos felizes com o comportamento dela naquela ocasião.
Nos berçários, um dos motivos mais
comuns do choro é o processo de adaptação pelo qual toda criança e sua família
passam. O bebê chega a um lugar completamente novo, com pessoas que ele nunca
viu antes, barulhos diferentes e sem a presença da mãe ou de outra pessoa
familiar. É natural o bebê chorar, pois está com medo, inseguro, etc. Mas aos
poucos vai se acostumando com as professoras e seus colegas, habitua-se à
rotina e deixa de chorar. Este processo de adaptação varia muito de uma criança
para outra, para algumas pode durar apenas um dia, e para outras, vários dias ou
até semanas.
Os bebês também costumam chorar
quando querem colo e atenção, isto ocorre muitas vezes quando estão doentes ou
se ficaram muitos dias em casa e tem de se acostumar novamente com a rotina da
escola, onde precisam dividir a atenção das duas professoras com mais 11
colegas. Nem tudo ocorre exatamente na hora que o bebê quer, então ele
manifesta o seu desagrado através do choro.
A rotina dos berçários costuma ser
bem corrida, tem hora para tudo, para lanchar, trocar fraldas, ganhar colo,
almoçar, dormir, etc. Frente a uma turma com 12 alunos para 2 professoras,
sabe-se que não é possível atender todas as crianças ao mesmo tempo, algumas inevitavelmente
terão que esperar. Mas é importante frisar que nem sempre os mesmos são os
primeiros, da mesma forma que não são sempre os últimos, e todos são atendidos
assim que possível. Se compararmos com a nossa vida adulta, também não temos
tudo no momento que queremos, um exemplo é quando vamos a um restaurante,
também temos que esperar a nossa comida ficar pronta. Sendo assim, os bebês
aprendem desde cedo a esperar a sua vez. E assim estão sendo preparados para a
vida.
E o que fazer quando o bebê chora? É
simples, basta manter a calma, e antes de qualquer coisa, descobrir por que ele
está chorando e tomar as devidas providências para resolver o seu “problema”.
Se a fralda estiver suja o bebê será trocado. Se estiver com fome poderá ser o
primeiro a comer quando chegar a hora do lanche. Se tiver sono, poderá tirar um
pequeno cochilo, mas cuidando para não dormir demais e atrapalhar a hora do
soninho ao meio dia, quando todos irão dormir ao mesmo tempo. Se for um choro
para chamar a atenção, nada mais justo do que ganhar um colinho das professoras,
nem que seja por alguns minutos, já que as professoras precisam dar atenção aos
demais alunos também.
Em caso de algo mais sério, como
febre ou dor a direção será comunicada e esta chamará os pais para que tomem as
devidas providências. Mas o mais importante na hora do choro é não entrar em
pânico, pois se as professoras, pais ou cuidadores também estiverem nervosos,
dificilmente as crianças irão se acalmar. Isto eu falo por experiência própria,
quanto mais calmos estiverem os adultos que estão lidando com as crianças, mais
tranquilas elas ficarão.
REFERÊNCIAS
RANGEL, Annamaria Pífero (Org.) Teoria Pedagógica do Centro de Artes e
Educação Física da Universidade do Rio Grande do Sul: fundamentos do método
empregado para a rede de formação continuada de professores / – Porto Alegre :
CAEF da UFRGS, 2005, 96p.
[1]
Pedagoga formada pela universidade Feevale. Professora de Educação Infantil no
município de Nova Petrópolis. Tutora presencial do curso de especialização em educação
para a diversidade - UFRGS
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