quarta-feira, 15 de maio de 2013

POR QUE OS BEBÊS CHORAM?


POR QUE OS BEBÊS CHORAM?
Andréa Diana Heylmann [1]

Certamente você já chegou perto de uma sala de berçário e escutou um ou vários bebês chorando. Mas o que pode ter acontecido? Ninguém dá atenção a eles? Estão sendo maltratados? Com base na minha trajetória como professora de Berçário e nos anos de estudos destinados ao desenvolvimento infantil, destacarei ao longo deste texto, alguns motivos que levam o bebê ao choro.

O choro, antes de mais nada,  é a primeira forma de comunicação dos bebês. Isto fica evidente na citação de Rangel [et. al.], p.37:

Desde as primeiras semanas de vida, o bebê compreende a ligação que se instala entre os sons que ele emite (gritos, choros) e o comportamento dos adultos que respondem às suas necessidades através de conseqüências positivas (alimento, voz tranqüilizadora, contato corporal, etc.). Esse primeiro circuito de comunicação vai progressivamente evoluir, não apenas pela maturação, mas também pela associação repetida de atenção conjunta para os mesmos objetos e a verbalização do adulto.

Em outras palavras, o bebê, que ainda não aprendeu a falar, vai percebendo que através do choro ele consegue comunicar as suas necessidades aos pais ou outras pessoas que estão cuidando dele, pois ao chorar ele ganha colo, comida, enfim, ganha atenção. É comum ainda, as crianças chorarem quando estão sentindo algum desconforto, causado por calor, frio, roupas apertadas, fralda suja, etc. Também se manifestam através do choro se algum colega os está incomodando, batendo, puxando cabelos ou pegando seus brinquedos.

Vale lembrar que nesta idade os bebês ainda não têm maldade, nem tampouco noção da força que tem. Tudo para eles é brincadeira, estão descobrindo todas as partes do seu corpo e o que podem fazer com elas, (beliscar, bater, morder, etc.) E quando isto acontece, tiramos a criança de perto e dizemos para ela que não pode machucar, sempre conversando e olhando olho no olho, fazendo os gestos e expressões faciais mostrando que é errado e que não estamos felizes com o comportamento dela naquela ocasião.

Nos berçários, um dos motivos mais comuns do choro é o processo de adaptação pelo qual toda criança e sua família passam. O bebê chega a um lugar completamente novo, com pessoas que ele nunca viu antes, barulhos diferentes e sem a presença da mãe ou de outra pessoa familiar. É natural o bebê chorar, pois está com medo, inseguro, etc. Mas aos poucos vai se acostumando com as professoras e seus colegas, habitua-se à rotina e deixa de chorar. Este processo de adaptação varia muito de uma criança para outra, para algumas pode durar apenas um dia, e para outras, vários dias ou até semanas.

Os bebês também costumam chorar quando querem colo e atenção, isto ocorre muitas vezes quando estão doentes ou se ficaram muitos dias em casa e tem de se acostumar novamente com a rotina da escola, onde precisam dividir a atenção das duas professoras com mais 11 colegas. Nem tudo ocorre exatamente na hora que o bebê quer, então ele manifesta o seu desagrado através do choro.

A rotina dos berçários costuma ser bem corrida, tem hora para tudo, para lanchar, trocar fraldas, ganhar colo, almoçar, dormir, etc. Frente a uma turma com 12 alunos para 2 professoras, sabe-se que não é possível atender todas as crianças ao mesmo tempo, algumas inevitavelmente terão que esperar. Mas é importante frisar que nem sempre os mesmos são os primeiros, da mesma forma que não são sempre os últimos, e todos são atendidos assim que possível. Se compararmos com a nossa vida adulta, também não temos tudo no momento que queremos, um exemplo é quando vamos a um restaurante, também temos que esperar a nossa comida ficar pronta. Sendo assim, os bebês aprendem desde cedo a esperar a sua vez. E assim estão sendo preparados para a vida.

E o que fazer quando o bebê chora? É simples, basta manter a calma, e antes de qualquer coisa, descobrir por que ele está chorando e tomar as devidas providências para resolver o seu “problema”. Se a fralda estiver suja o bebê será trocado. Se estiver com fome poderá ser o primeiro a comer quando chegar a hora do lanche. Se tiver sono, poderá tirar um pequeno cochilo, mas cuidando para não dormir demais e atrapalhar a hora do soninho ao meio dia, quando todos irão dormir ao mesmo tempo. Se for um choro para chamar a atenção, nada mais justo do que ganhar um colinho das professoras, nem que seja por alguns minutos, já que as professoras precisam dar atenção aos demais alunos também.

Em caso de algo mais sério, como febre ou dor a direção será comunicada e esta chamará os pais para que tomem as devidas providências. Mas o mais importante na hora do choro é não entrar em pânico, pois se as professoras, pais ou cuidadores também estiverem nervosos, dificilmente as crianças irão se acalmar. Isto eu falo por experiência própria, quanto mais calmos estiverem os adultos que estão lidando com as crianças, mais tranquilas elas ficarão.

REFERÊNCIAS

RANGEL, Annamaria Pífero (Org.) Teoria Pedagógica do Centro de Artes e Educação Física da Universidade do Rio Grande do Sul: fundamentos do método empregado para a rede de formação continuada de professores / – Porto Alegre : CAEF da UFRGS, 2005, 96p.




[1] Pedagoga formada pela universidade Feevale. Professora de Educação Infantil no município de Nova Petrópolis. Tutora presencial do curso de especialização em educação para a diversidade - UFRGS

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá!

Deixe aqui o seu comentário sobre o blog. Aceito sugestões e também críticas, afinal, sempre se pode aprender algo mais.